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segunda-feira, maio 29, 2023

Tráfico altera composição de drogas vendidas a usuários no Estado

Uma pesquisa realizada pelo IGP revelou que a cocaína traficada no Rio Grande do Sul pode ser totalmente adulterada. O estudo com 141 amostras, realizado pelo Departamento de Perícias Laboratoriais, é o mais amplo e recente abordando o tema no Brasil, e pode contribuir para compreender melhor o perfil de atuação das facções no Estado, além de servir como alerta à saúde pública. O objetivo do estudo foi quantificar o teor da cocaína nas amostras, ou seja, a pureza da droga. A pesquisa revelou que este teor de cocaína varia de 0% a 78%. De todas as amostras avaliadas, apenas 30% possuíam mais do que 40% de cocaína em sua composição.

A chefe da Divisão de Química Forense do Departamento de Perícias Laboratoriais do IGP, a perita criminal Lara Soccol Gris, explica os riscos, assim como alerta sobre os malefícios que esses entorpecentes trazem para a população. Conforme ela, além dos perigos associados aos que já se conhece sobre o consumo de drogas, principalmente a cocaína, os materiais que são acrescentados pelos traficantes à droga, que têm o objetivo de dar maior volume para a venda do usuário final, podem ser inertes ou causar sérios problemas ao organismo. “Há substâncias, como medicamentos, que podem ser inertes, mas quem fabrica as drogas usa tudo que estiver disponível no mercado. Dependendo da interação que eles tiverem, podem causar uma série de efeitos no indivíduo. A própria variação da quantidade na porção que o usuário consumir, se haver concentração maior de pureza, pode provocar uma overdose justamente pelo usuário não ter conhecimento da concentração e ter uma discrepância desses materiais”, comenta.

A explicação para que haja acréscimo de materiais na composição das drogas está no lucro dos traficantes, que ao misturarem os compostos consegue expandir as suas vendas. “Ele aumenta as porções incluindo farinha, ou material branco que se assemelha à droga, ou com material anestésico, que causa efeito parecido. Há também inclusão de cafeína, que está presente em vários produtos e sabemos que dá uma certa estimulação. A cocaína é um estimulante também”, completa.

Outro risco apontado pela perita, que não envolve só na cocaína, é a presença de impurezas em drogas sintéticas. “Os comprimidos, que são vendidos como ecstasy e LSD, possuem diversas outras substâncias de potencial nocivo, contrações com potencial de dar overdose com doses muito menores. A mensagem que fica é que em qualquer tipo de droga tem variabilidade de concentração”, relata Lara.

Em todo o País, a polícia tem identificado com frequência a presença de outras substâncias, como no crack, como a efedrina, o bicarbonato de sódio, a sacarina, a farinha de arroz branco (para dar volume), a maltodextrina e a tetracaína. Há também o aumento do plástico na confecção da droga, por exemplo. Os criminosos usam esse composto para aumentar o volume da droga e dar mais consistência, porque o plástico é um antioxidante.

Pesquisadores afirmam que há um perigo grande à saúde física e mental a partir do momento em que essas substâncias entram em contato com o ser humano, pois a pessoa acha que está consumindo algo, mas, muitas vezes, não sabe qual será a reação do organismo ao usar tal droga. Além disso, não há um controle por parte do usuário. Quem usa, não sabe o que está consumindo, por isso há a importância de conscientizar a sociedade sobre o uso, bem como os malefícios.

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