Quando anunciaram, há exatamente um ano, que o nosso país teria a tecnologia 5G para celulares, escrevi uma coluna aqui no Jornal da Manhã dizendo que não passava de uma estratégia de marketing e que estávamos muito longe desta realidade. Na verdade, muita gente já sabia que a prometida velocidade até cem vezes superior à do 4G não seria uma realidade no tempo que prometiam, nem mesmo nas cidades de sua implantação.
Agora, no início de maio, saiu divulgado um estudo que confirma que menos de 8% dos usuários nas 111 cidades em que o 5G teria chegado é que, de fato, possuem conexão à nova rede. O restante continua mesmo é na velocidade de sempre e com os velhos problemas de conectividade, com a falta de infraestrutura em nosso país.
Entre 56 países, somos o 46º em disponibilidade de sinal, o que significa dizer que estamos muito atrás do mundo todo. Nossa internet seria a terceira mais alta do mundo se o 5G estivesse realmente funcionando e teríamos ultrapassado a Coreia do Sul e Cingapura, inclusive. O projeto de implantação do 5G prevê que demoraremos ainda, pelo menos, mais dez anos para que um percentual significativo dos municípios brasileiros tenha acesso à nova velocidade de conexão.
O foco das operadoras tem sido, obviamente, as grandes cidades. Nem nessas, a velocidade se tornou real. Seria preciso que em cada esquina, e em cada semáforo, tivéssemos uma antena 5G para que o desafio da internet com alta velocidade realmente chegasse a todos os usuários.
O setor de telefonia móvel ainda lidera no Brasil o ranking dos consumidores insatisfeitos. As reclamações são as mais diversas. A maioria delas, no entanto, e infelizmente, ainda são sempre os problemas de conexão relativos à estabilidade do sinal. O que não é de se estranhar, já que estamos há cinco séculos com mais de 60% da população habitando em moradias sem esgoto tratado e com a maioria das áreas urbanas por todo o país condicionando as pessoas a viverem sem condições básicas de saneamento.