Na primeira etapa das aulas, com duração de uma semana, foram encontrados 10,2 mil artefatos na Vila de Santa Cruz. Supervisionados por quatro professores, os 25 estudantes ficaram acampados no sítio-escola para aprenderem todas as etapas do processo, entre elas, ter responsabilidade com os materiais de prospecção de campo, comprometendo-se com a higienização, catalogação e estudos das peças.
Os fragmentos encontrados podem ser originados de utensílios como vasilhames cerâmicos de diferentes formatos. Agora, todo o material coletado passará por análise criteriosa e pelo processo de higienização, feito manualmente. A previsão é de que a conclusão da análise ocorra no início do próximo ano.
Para a realização da parte prática da especialização foi desenvolvido um projeto piloto que busca envolver a comunidade na pesquisa, no gerenciamento e na preservação do patrimônio arqueológico. “A partir deste estudo de campo, temos a perspectiva de desenvolver ações de médio a longo prazo no Parque Serra das Andorinhas e arredores”, comenta a coordenadora da especialização, professora Dra. Jacqueline Ahlert. O período pré-colonial e a história recente se misturam na localidade, que hoje conta com a vida e a rotina de uma vila. De acordo com Jacqueline, essa realidade ajuda os pesquisadores a compreender melhor a passagem do tempo, uma vez que a população que hoje habita o local interage com os resquícios de civilizações passadas e constroem, em cima delas, a própria história.
Com um relevo composto por serras, cavernas, abrigos e fendas desenvolvidas em quartzito, além de cachoeiras, praias, matas, cerrados, campos e chapadas associados a uma fauna diversificada, o Parque Serra das Andorinhas traz vestígios de grupos pré-ceramistas e ceramistas nas cavernas e abrigos sob rocha, totalizando 44 sítios arqueológicos e outros 16 sítios ceramistas a céu aberto.
É um dos maiores sítios arqueológicos de arte rupestre a céu aberto do mundo. Ao todo, são mais de 370 cavernas identificadas na área que engloba todo o Parque, as quais foram cadastradas e registradas pelos pesquisadores (espeleólogos) da Fundação Casa da Cultura de Marabá. A região também foi palco da Guerrilha do Araguaia, movimento armado ocorrido entre o final da década de 1960 e meados da década de 1970.