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quinta-feira, dezembro 5, 2024

Papagaios de notícias requentadas

Com o inesgotável arcabouço de conteúdos acessíveis por simples pesquisa na internet, a característica dos que se destacam e são considerados “inteligentes” reside em figurar na “ crista da onda” daquilo que tem o propósito de não ser entendido por quase ninguém.
Com o escopo de impressionar, empregam em seus vocabulários termos novos e diferenciados que causam notório interesse, curiosidade e respeito dos leigos, gerando milhões de seguidores e propagandistas. Criam espaços virtuais onde se transformam em verdadeiros papagaios de notícias requentadas, reproduzidas com “ares professorais” e imensa seriedade.
E os “modismos” surgem de acordo com velhas terminologias reempregadas com estilo: marketing 3D- sonoramente sedutor. E surgem as curas moleculares, curas dos chakras por ressonância das cores, curas quânticas e assim vai. É sair uma novidade científica e logo surgem os divulgadores das novidades que sequer compreenderam já criando uma nova terapia, ensinamento ou algo do gênero.
E quando mais erudita e exótica a temática, mais os incautos se seduzem e reproduzem sem qualquer critério. Decoram termos e arrumam um quarto qualquer e debuxam um vídeo explicando a novidade como se fossem os próprios autores da teoria. O destaque “desses dias foi um rapaz barbudo de óculos ‘fundo de garrafa” e olhar de vigarista falando da tal “neurogênese de estímulo quântico” e outras salamandras do gênero. Misericórdia!
Como que “goela abaixo” todo mundo quer virar gênio e ser “notabilizado” no mundo virtual. É um jorro enfadonho de informações inúteis que nada mais são que “papagaiada alheia”. Ribantauc Willer, escritor da famosa cidade de Praga, autor de centenas de livros, afirma em sua obra, A insustentável miséria do ser, que adentramos na era em que ser um pensador perdeu a graça, pois a imensa maioria de idiotas acaba predominando em todos os cenários.
Como bem dizia o imortal Sebastian Brant na famosa A Nau dos insensatos: à dança dos parvos eu me uno, colocando-me na dianteira do desfile, pois vejo ao meu redor uma montanha de livros que não leio e nem consigo entender.
E segue o barco da vida no vasto rio da existência.

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