Os grupos de Ciência, Tecnologia, e Inovação e de Saúde, da equipe de transição no governo federal, estão dando sinais de que a ciência será, finalmente, respeitada a partir de 2023 – e não apenas porque terá planejamento orçamentário – mas porque começam a despontar propostas como a de uma comunicação mais dialógica da classe política com os cientistas. Estão sendo estudadas: a criação de uma assessoria especial da Presidência para assuntos científicos, a reestruturação do Programa Nacional de Imunizações e um programa de combate à dúvida sobre vacinação em todo o país.
A ideia é desenvolver um modelo semelhante ao que existe nos Estados Unidos, em que a Universidade de Columbia organiza políticas públicas em ciência com participação da comunidade científica e seguindo orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Combater a desinformação será um importante fator de desenvolvimento para o setor, cujos prejuízos durante a pandemia e o negacionismo sistêmico contra as vacinas trouxeram enormes prejuízos a milhares de brasileiros. Já somamos mais de 680 mil mortos pela pandemia e a quase totalidade dos casos que continuam acontecendo são de pessoas sem imunização completa.
Na Alemanha, no Reino Unido e em diversos outros países como Holanda e o Canadá iniciativas semelhantes já existem faz tempo e fornecem subsídios seguros para que parlamentares possam tomar decisões. Para isso, é preciso parar com essa mania de achar que todo médico é cientista ou que todo jornalista escreve o que acha como se fosse médico. São distorções assim que precisam ser atacadas. Fazer ciência reconhecida é uma pilastra do desenvolvimento tecnológico em qualquer país. Jornalismo sério e de apuração com qualidade também. Não dá para a população ficar assistindo a briguinhas políticas de visibilidade e protagonismo como vimos acontecer durante a Covid-19 enquanto o que o país precisava mesmo eram vacinas. Onde falta ciência sobra crença e pululam achismos.
