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segunda-feira, setembro 25, 2023

O FUTEBOL COMO ESPELHO

A final entre Argentina e França serviu para muitas lições não apenas envolvendo o futebol, mas que resume o comportamento humano que caracteriza nossa época. A intransigência que há tempos ultrapassou as redes sociais extrapola qualquer civilidade, rendendo discussões agressivas em diversos ambientes. É absurda a quantidade de ofensas proferidas por pessoas revoltadas pelo fato de ver amigos e conhecidos torcendo pelos nossos vizinhos da América do Sul.

Resido ao lado de um restaurante especializado em parrila, prato típico argentino e administrado por uma família oriunda daquele país. Desde o início da Copa do Mundo o local serviu de ponto de encontro para simpatizantes da equipe capitaneada por Leonel Messi. Muitos brasileiros que admiram o futebol da seleção que conquistou a Copa do Mundo no domingo marcavam presença a cada rodada. O clima era de confraternização e muitos entusiasmo.

Vivemos no que é considerada a era da comunicação e da liberdade de expressão. Por isso é incompreensível conviver com a radicalização que per-passa as relações sociais. Grupos de whatsapp, formados por pais de alunos de escolas, viram ringues para agressões, ofensas e baixarias.

O futebol é um mosaico social para onde convergem comportamentos humanos sem barreiras. Em um estádio de futebol – e aí se incluem todas as manifestações e ambientes inspirados pelo esporte que é preferência nacional – a espontaneidade é marca registrada. Lembro-me de ir ao Beira-Rio com meu filho mais novo. Ao passar pelo pórtico de entrada do estádio, ele se voltava com olhar maroto e disparava: – Pai, agora já posso dizer nome feio, certo?

É nestas ocasiões de grande envolvimento emocional que o futebol mostra as pessoas sem máscaras ou subterfúgios. Antes, durante e depois da decisão da Copa do Mundo ficou evidente, uma vez mais, a incapacidade de seres considerados racionais para administrar emoções e sentimentos.

Soaria ingênuo imaginar unanimidade em torno da seleção tricampeã do mundo. Defendo, apenas, a liberdade de escolha, opinião e de livre mani-festação.

O ano novo de 2023 bate à porta. Talvez seja o primeiro ano pós-pandemia onde as ameaças sanitárias permitirão uma vida mais próxima do normal. Quem sabe possamos ser mais civilizados, solidários e humanos?

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