Em reunião, ontem, com o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre Moraes, confirmou que a Corte reabriu discussões sobre a proposta dos militares de alterar o teste de integridade das urnas. Moraes, no entanto, não se comprometeu com a mudança. Generais próximos a Nogueira afirmaram que a reunião foi cordial. Para eles, Moraes deixou aberto o diálogo em torno das propostas das Forças Armadas, como a mudança no teste de integridade. O TSE simulou na semana passada a reformulação do teste de integridade feito nas urnas na data da eleição, principal pleito dos militares. Mas técnicos da corte adotam cautela e dizem, reservadamente, que a alteração pode tumultuar as eleições.
Na reunião ficou acertado ainda que o diálogo entre as instituições será permanente. Paulo Sérgio e Moraes também já agendaram um novo encontro para a próxima semana.
O teste de integridade é realizado no dia da eleição. As Forças Armadas pedem que o teste seja feito na própria seção eleitoral, com a biometria de eleitores. O encontro aconteceu no mesmo dia da operação da Polícia Federal, por decisão do ministro Alexandre de Moraes contra empresários pró-golpe. Foram alvos Afrânio Barreira Filho, proprietário da rede Coco Bambu; Luciano Hang, dono da Havan; José Isaac Peres, dono da rede de shopping Multiplan; Ivan Wrobel, da Construtora W3; José Koury, do Barra World Shopping; Meyer Nirgri, da Tecnisa; André Tissot, empresário do Grupo Serra; e Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii.
A operação abriu caminho para um embate entre procurador-geral Augusto Aras e o ministro Alexandre de Moraes. Enquanto o chefe do Ministério Público Federal diz que ‘tomou conhecimento da investigação somente na manhã de ontem, o ministro do STF contra-atacou e desmentiu Aras. Alexandre divulgou certidões que, segundo ele, comprovam que o Ministério Público Federal ‘intimado pessoalmente’ de sua decisão às 14h41 de segunda-feira.
Segundo o ministro, a ordem para buscas contra empresários aliados de Bolsonaro chegou ao gabinete da vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo. Aras alega que ‘não houve intimação.”