A mais ampla manifestação por democracia teve ápice na manhã de ontem com um ato na Faculdade de Direito da USP em que foi lida, sob aplausos e falas contra o autoritarismo, a carta iniciada na instituição e assinada por mais de 945 mil pessoas. A carta foi lida pelo ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, presidente da Comissão Arns. O texto prega a manutenção do Estado democrático de Direito, o respeito às eleições e as urnas eletrônicas. A carta foi precedida da leitura de outro manifesto, endossado por mais de cem instituições.
O ministro Edson Fachin, que é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), também divulgou uma carta em defesa da democracia na qual condenou condenou “práticas desinformativas”.

O movimento, que se repetiu em outras capitais,a menos de dois meses do primeiro turno das eleições, é considerado um marco simbólico na reação da sociedade civil à escalada de ameaças às instituições. Segmentos que estavam inertes perante as intimidações, sobretudo no ambiente empresarial e financeiro, decidiram aderir às mobilizações.
A “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito” remete à histórica “Carta aos Brasileiros”, apresentada em ato público em agosto de 1977, na mesma Faculdade de Direito da USP, que marcou a luta contra a ditadura militar (1964-1985) e por redemocratização.
Oradores repudiaram, em tom de espanto e indignação, a necessidade de em 2022 a sociedade ter que brigar novamente por democracia e respeito à Constituição de 1988. O Poder Judiciário também foi defendido, assim como a Justiça Eleitoral. O ambiente e as falas transcorreram em clima de denúncia e celebração.