A inclusão no mercado de trabalho é fundamental para dar espaço àqueles que têm alguma deficiência. Contudo, há certas barreiras que ainda existem e impedem o avanço, e restringem as oportunidades de trabalho para essas pessoas.
Os autistas são alguns que enfrentam essa dificuldade. Atualmente, estima-se que 2 milhões de pessoas possuem o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), no Brasil. Desses, 15% estariam fora do mercado de trabalho.
A dificuldade de acessar o mercado é vivenciado por Simoni Klassen. Ela é cantora e possui o transtorno. Em entrevista ao JM, ela relata que mesmo tendo pós-graduação, nunca conseguiu acessar o mercado de trabalho. “Mesmo tentando vaga para pessoas com deficiência, eu entreguei vários currículos, fui chamada para entrevistas, mas nunca fui contratada. Contratam com paralisia cerebral, física, mas autista é difícil. Não sei se é medo, desconhecimento, ou se acham que não vamos entender alguma coisa. Mas a inclusão é isso, é trazer para perto e ensinar a pessoa, no tempo dela. Muitos não querem esse tipo de função, o que acaba não gerando oportunidade para os autistas”, conta.
Simoni diz que é preciso paciência, pois é difícil para quem tem o TEA trabalhar muitas horas seguidas, em razão da sobrecarga sensorial. “Em alguns lugares há muito barulho, muitas luzes, movimento, e se tiver que ficar muito tempo, começo a ficar tonta”, ressalta.
Ela conta que os empregadores tentam sempre ser neutros, mas nunca escolhem quem tem o transtorno. “Não sei o que se pensa, mas tento imaginar que é isso, que vai demandar muita atenção, então para eles é mais fácil contratar alguém que vai dar conta e não vai ser empecilho”, completa.
Presidente da Associação TEAmor, Raquel Pinto afirma que essa não é somente uma realidade de Simoni. Ela destaca que há, sim, muita dificuldade de o autista se colocar no mercado de trabalho. “O mercado não está preparado para pessoas autistas, por isso é importante que ele se prepare para receber essas pessoas, assim como recebe pessoas com outras deficiências”, declara.
Segundo Raquel, todo o mercado deverá estar pronto, pois as pessoas com o TEA também precisam se manter e driblar as dificuldades, mas com paciência e preparação.