O aumento do uso de agrotóxicos nas lavouras e nos alimentos para consumo humano tem elevado os casos de intoxicação da população. É o que relata a bióloga do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), vinculado à Secretaria Estadual de Saúde, Vanda Garibotti.
Segundo a servidora, o aumento da utilização dos agrotóxicos, tanto em combustíveis, em inseticidas e na agricultura,vem sendo verificado desde 2010. Em relação à saúde, há um alerta quanto às intoxicações, que em consequência do aumento do uso dos agrotóxicos, têm crescido entre a população. “Em especial à intoxicação aguda, ano após ano, tem acontecido devido à exposição. As pessoas estão tendo contato com uma dose maior, o que causa efeitos agudos, mais graves”, explica. A intoxicação aguda é decorrente de um único contato (dose única) ou múltiplos contatos (doses repetidas) com um agrotóxico (ou mistura de agrotóxicos) em um período de 24h. Os efeitos podem surgir de imediato ou no decorrer de alguns dias, no máximo duas semanas, dependendo do princípio ativo. A depender da quantidade de produto absorvida, a intoxicação pode ocorrer de forma leve, moderada ou grave. Ela tem como sintomas náuseas, tonturas, vômitos, desorientação, dificuldade respiratória, sudorese e salivação excessiva, diarréia, chegando até coma e morte.
Vanda também comenta que há preocupação referente às intoxicações crônicas, que são aquelas onde a pessoa é exposta a uma baixa dosagem dos produtos químicos, seja nos alimentos, na água que é consumida, no ambiente onde se circula, ou até na roupa que se usa. Nesses casos, os problemas começam a aparecer após cerca de 10 anos de exposição. Ela causa problemas sérios, em termos de saúde, como distúrbios comportamentais. Podem ter irritabilidade, ansiedade, alteração do sono e da atenção, depressão, cefaléia (dor de cabeça), fadiga (cansaço), parestesias (formigamentos), entre outros problemas.
“Esses casos são de difícil diagnóstico. Por exemplo, ingredientes ativos dos agrotóxicos que são disruptores endócrinos, vão agir sobre o sistema endócrino, então são vários efeitos que podem ter sobre a saúde, que serão analisados e verificados que foram causados por um longo tempo de exposição”, comenta Vanda.
Para evitar a intoxicação, a bióloga do Cevs ressalta que existem duas medidas a serem tomadas: as individuais e as em conjunto. Nas individuais, cada pessoa, trabalhador que usa esses produtos, é orientado o uso de Equipamentos de Proteção Individual e manuseio dos produtos, com alerta sobre o cuidado e noção de que esses químicos trazem risco à saúde. “Aos consumidores, orientamos que se opte por produtos orgânicos, que são produzidos sem agrotóxicos, na hora de adquiri-los para consumo. “
*A notícia completa está na versão impressa do Jornal da Manhã.