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quinta-feira, dezembro 5, 2024

Horário eleitoral tem papel no debate público

“O horário eleitoral e a televisão como um todo são muito relevantes na eleição. Boa parte da população brasileira ainda tem o hábito de assistir TV à noite

O candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PL) tinha apenas 16 segundos por dia no horário eleitoral em 2018. Hoje vice de Lula (PT), Geraldo Alckmin, na época postulante do PSDB, acumulava 11 minutos.

Bolsonaro terminou o primeiro turno com 46% dos votos válidos, e o ex-tucano, em quarto, não chegou a 5%. O resultado, seguido da vitória do agora candidato à reeleição no segundo turno, colocou em xeque a importância do horário eleitoral nas campanhas. Não para o cientista político, professor da Universidade Federal do Paraná e pesquisador associado do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital, Sérgio Braga. “O horário eleitoral e a televisão como um todo são muito relevantes na eleição. Boa parte da população brasileira ainda tem o hábito de assistir TV à noite”, afirma Braga, que defende a manutenção do espaço obrigatório por lei.

O horário eleitoral começou ontem no rádio e na televisão, com dois blocos de 25 minutos cada um. Soma-se a isso 14 minutos de inserções ao longo da programação.

A propaganda no primeiro turno vai até o dia 29 de setembro. No segundo turno, serão mais três semanas, de 7 a 28 de outubro.

Questionado sobre as mídias digitais e a democratização da internet, o cientista político defende o horário eleitoral obrigatório na TV. ” Embora não tenham a mesma importância que antes, penso que recursos de campanha como o horário eleitoral e os debates ainda têm um papel a desempenhar, por vários motivos. Em primeiro lugar, porque boa parte da população brasileira ainda tem o hábito de assistir TV à noite, após o trabalho, por exemplo, no intervalo entre o noticiário e as novelas, e ouvir rádio, especialmente quando estão dirigindo, no trânsito. Em segundo lugar, porque os conteúdos produzidos são de maior qualidade e credibilidade, podendo ser facilmente replicado pelas redes digitais hoje em dia.É verdade também que com o impacto das tecnologias digitais as fronteiras entre período de campanha e os períodos ‘normais’ foram dissolvidas. Mas as mídias tradicionais ainda desempenham um papel muito importante no debate público”, explica Braga.

Para o professor o horário eleitoral serve para atingir um público que não é conectado às redes, tornando as campanhas mais inclusivas, e também para ‘calibrar’ a produção de conteúdo e as estratégias comunicativas das campanhas eleitorais. “Não por acaso, apesar das tecnologias digitais, as elites continuam dando importância ao horário eleitoral, especialmente àqueles políticos que concorrem para cargos majoritários.”

Ele ressalta que a eleição de 2018 ficou marcada como a eleição do WhatsApp, no entanto, segundo o professor “a bola da vez nessas eleições de 2022, penso eu, serão o Telegram e o TikTok”, frisando que “como o TSE também aumentou a fiscalização é provável que a qualidade dos conteúdos compartilhados melhore nessas eleições, pelo menos num período inicial, já que na reta final de campanha muitos candidatos em desespero adotam a estratégia do vale tudo.”

Ele frisa ainda que a internet e novas ferramentas de comunicação como a telefonia móvel, por exemplo, têm tido um papel crescente nas eleições e isso só aumenta de campanha para campanha.

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