A geração de energia por meio de fontes renováveis tem implicações em diversas áreas da pesquisa e do conhecimento em geral. Ontem, a Innovation Noroeste e Missões promoveu um debate sobre “Políticas Públicas em energias renováveis – oportunidades na cadeia do biogás”. O evento ocorreu em formato híbrido e reuniu especialistas e produtores rurais de Ijuí. O palestrante foi o coordenador do Programa Energia Rural Renovável – Renova PR – Herlon Goelzer de Almeida e os debatedores foram os professores Fernanda Pereira e Fauzi Shubeita.
O biogás é produzido a partir da decomposição da matéria orgânica em biogestores, reatores e estações de tratamento. O metano (CH), principal componente do biogás tem alto poder calorifico, o que permite passar por um processo controlado de combustão. Embora a produção de energia a partir do biogás tenha crescido nos últimos anos, existe um enorme potencial ainda inexplorado. “O que nos incomoda é que o biogás anda muito devagar, por mais rápido que as pessoas acham que ele possa estar andando, ele anda muito devagar. Por que as outras energias, fundamentalmente a solar voa e nós estamos indo com o biogás muito vagarosamente”, disse Almeida,
O professor destacou que a região Noroeste do Estado tem grande potencial, principalmente por concentrar cadeias de suinocultura e da bovinocultura. “No passado, a energia, sob diferentes formas, todos tratávamos como um insumo que alguém aprovisionaria para nós. Hoje é possível substituir a lenha, o gás de cozinha, a energia elétrica e combustível veicular. E quem pode fazer isso é o agricultor, pois ele tem poder para substituir tudo isso.”
O professor lembra que tanto a produção quanto venda de biogás está regulamentada desde 2010 no Brasil pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “Então tudo o que estamos falando é possível e regulamentada. Inclusive o combustível veicular, que também desde 2010 está regulamentado pela ANP (Agência Nacional de Petróleo), que aceita e reconhece o biometano (que é a filtragem do biogás e que chega a 94% de pureza de metano, o equivalente ao Gás Natural Veicular). Está tudo regulamentado, então é só fazer.”
Além do uso próprio, Almeida reforça que ao incentivar a produção de bioenergia é uma forma de gerar receita para o produtor, como “a produção de arroz, feijão, milho.”
Hoje, a energia elétrica impacta diretamente no custo de produção do agronegócio. Um levantamento apresentado por Almeida mostra que a energia na avicultura representa até 29% do custo de produção. Na piscicultura de água doce chega até 25%, bovino de leite até 15%, suinocultura 15% e agroindústrias até 12%.”O importante é o produtor entender que este impacto na produção pela energia pode cair substancialmente gerando a sua própria energia.”
O coordenador do Renova PR lembra que a implantação do sistemas de biogás, como o de energia solar, deve ser realizado até o fim de 2022 para ficar isento da cobrança da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD). Uma cobrança que só será feita para quem investir em energia renováveis após janeiro de 2023 – e de forma escalonada a partir de 15% no próximo ano a 90% a partir de 2028. “Tudo isso aponta para o encarecimento da energia, mesmo na geração própria.”
Evento debate geração de energia pelo biogás
