Raiva, rancor, orgulho, medo, egoísmo. Sentimentos comuns a todos os seres humanos podem estar no cerne de boa parte das doenças enfrentadas pela humanidade, segundo a própria medicina. Várias instituições no Brasil e no mundo vêm se dedicando a estudar até que ponto a saúde do indivíduo é influenciada, literalmente, pelo seu estado de espírito.
No País, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o Instituto de Psiquiatria (IPq) da USP, por meio do Programa de Saúde, Espiritualidade e Religiosidade (Proser), e a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com o Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde (Nupes), têm investigado o quanto a espiritualidade (não necessariamente a religiosidade) do paciente auxilia na cura de doenças físicas e psíquicas – que podem ser agravadas a partir de sentimentos ruins e pensamentos destrutivos.
No entanto, os pesquisadores ressaltam que espiritualidade é diferente de religião: em tese, uma pessoa religiosa é espiritualizada; mas alguém espiritualizado não necessariamente segue uma religião – e pode até não acreditar em Deus. A espiritualidade estaria ligada à busca pessoal de um propósito de vida e de uma transcendência, envolvendo também as relações com a família, a sociedade e o ambiente. “Espiritualidade pode se expressar na religiosidade, dentro de uma religião. A religião tem códigos de conduta estabelecidos e ritos, onde pode se expressar a espiritualidade. Mas a espiritualidade não precisa estar lincada necessariamente a religião. O ser humano, por natureza, é um ser espiritual e onde nós temos a capacidade de transcender, ou seja, sair além dos seus limites.
Então, todo o ser humano sendo um ser espiritual ele pode expressar isso em qualquer local”, disse o médico neurologista Jaderson Costa da Costa. “A espiritualidade deixa marcas no cérebro, e isso é comprovado cientificamente. Ela é uma das dimensões do bem-estar”, acrescenta.
O médico, que também é neurocientista, professor da Escola de Medicina da PUCRS e presidente do Instituto do Cérebro do RS (InsCer), afirma que exames de imagem que revelam os efeitos positivos de práticas como meditação e oração no cérebro: “Estudos apontam a importância da espiritualidade para tratar a depressão, reduzir as taxas de suicídio e prevenir transtornos mentais, além de contribuir para o bem-estar”, frisa.
“No momento em que o médico, enfermeiro ou técnico permite que o paciente expresse isso (espiritualidade), facilita muito a ligação com o profissional e também a recuperação do paciente.”
Mas além disso, a fé também move montanhas, como ressalta o aposentado João Celso de Oliveira, morador do Tancredo Neves, que encontra nas orações diárias a força para enfrentar as dificuldades da vida.
*A notícia completa está na versão impressa do Jornal da Manhã.