O problema do Brasil nunca esteve na frente dos quarteis como pode parecer pelos desengonçados protestos depois que Bolsonaro perdeu as eleições. O problema está dentro dos quarteis. Essa é a leitura que vem sendo feita por parte de comentaristas e analistas políticos diante dos fatos noticiados nos últimos dias.
A diplomação do presidente eleito tem a data de 19 de dezembro como data limite na forma da Lei para acontecer, mas foi antecipada, a pedido de Lula, para o dia 12. E há motivos para isso. Primeiro, é preciso entender que posse é diferente de diplomação. A posse ocorre depois, com a troca de governo.
Parte da imprensa deu tratamento ao fato do pedido de Lula destacando que a diplomação marca o fim do processo eleitoral e precisa ocorrer mesmo antes da posse, em dezembro.
O mundo reconheceu a eleição de Lula em tempo recorde, com manifestação de presidentes de dezenas de nações em menos de 24 horas. Qualquer tentativa de tumultuar a sucessão presidencial teria condenação global imediata, mas certamente, ainda mais se depois do presidente ser formalmente diplomado.
Comandantes das Forças Armadas estão dizendo para todo mundo ouvir que eles vão deixar os comandos antes do fim do governo Bolsonaro. Assim, as forças estariam dando um sinal de insubordinação ao novo governo e deixando um vácuo na Marinha, Exército e Aeronáutica, o que em tese, favoreceria a insurgência dos militares.
O que Lula tenta é driblar esta insubordinação. A mídia tem espelhado a avaliação de ministros das pastas militares de que esta disposição de deixar seus comandos é posição firmada entre superiores militares. Lula andou declarando, esta semana, a intenção de fazer aproximação dos militares sem “nenhuma caça às bruxas”. Mas quer o diálogo nos termos da democracia.
“Diplomou, acabou”- é o que analistas estão sublinhando. E é este o fato que vem incomodando parte dos negacionistas que ainda acreditam que possam reverter o resultado da eleição.