Muito tem se falado no trabalho do cuidado, mas e o trabalho das emoções? Sim, emoções dão trabalho! O trabalho emocional é realizado quase que exclusivamente pelas mulheres, como já demonstrado em pesquisas realizadas pelo mundo todo, se intensificando durante e após a pandemia. Isso porque, as emoções integram o trabalho do cuidado, trazendo a dimensão do afeto que legitima a realização das tarefas domésticas e o cuidado com os filhos ou pais – no caso das pessoas idosas. E da mesma forma que o trabalho do cuidado reproduz a divisão sexual do trabalho, o trabalho emocional também o faz, novamente sobrecarregando a mulher, e colocando-a no papel de gestora das emoções. Nesses lugares – cuidado e emoção – dá-se vasão à carga mental, resultante das inúmeras horas de preocupação com as atividade e rotina de sua casa e trabalho(s), uma vez que a mulher ocupa, com sua mente, inúmeros lugares ao mesmo tempo, ou seja, enquanto trabalha se preocupa com a casa, esposo e filhos se o tiver, e vice-versa. O que implica na saúde mental e física da mulher. Necessário, portanto, visibilizar o fardo mental e o trabalho imaterial subsumidos ao trabalho emocional. É um exercício quase que diário de mudança de paradigmas mentais, mas que começa com o reconhecimento de que é um problema que existe e que diminui a qualidade de vida das mulheres, afetando seus corpos – fisicamente com a fadiga, e mentalmente com o cansaço, ansiedade, depressão e estresse. Cabe às mulheres falarem sobre isso, porque começa pelas mulheres. Sempre pelas mulheres.