Ah, o ilustre Dr. Miguel Sabetudo, o salvador do futuro da educação, o apóstolo da tecnologia que acredita piamente que a resposta para todos os problemas está em um algoritmo ou em um robô. Com seu jaleco branco de super-herói digital, ele voa para o resgate, determinado a transformar todas as salas de aula em festas de ficção científica, onde estudantes passarão horas a fio com seus dispositivos tecnológicos, enquanto o mundo real desmorona ao seu redor.Sim, porque quem precisa de um ambiente de aprendizado saudável, motivação, ou mesmo de refeições decentes quando temos inteligência artificial? Os estudantes pobres podem muito bem se contentar com conexões de internet instáveis e dispositivos ultrapassados enquanto o Dr. Miguel e seus algoritmos geniais resolvem todos os problemas do mundo.É claro que a tecnologia é uma ferramenta valiosa na educação, mas o Dr. Miguel parece ter esquecido que ela não é uma panaceia mágica. Afinal, não podemos esperar que crianças subnutridas e desmotivadas simplesmente se tornem gênios porque agora têm um aplicativo que responde perguntas por elas. Além disso, quem precisa de interações humanas e desenvolvimento de habilidades sociais quando se pode ter um tablet brilhante e uma conexão Wi-Fi?Ah, e não podemos esquecer as redes sociais, a pornografia e os jogos que inundam a vida das crianças hoje em dia. Mas claro, o Dr. Miguel acredita que a tecnologia resolverá esses problemas também. Basta um aplicativo mágico que bloqueie todo o conteúdo inadequado e transforme nossas crianças em pequenos acadêmicos virtuais, livres de qualquer influência negativa e das inúmeras dispersões prejudiciais ao aprendizado.Os alunos aprenderão matemática, línguas e outras salamandras do gênero lá dentro da tecnologia idealizada pelo Dr. Miguel, sendo que no final da graduação ou dos estudos, continuarão analfabetos funcionais e medíocres considerando que não internalizaram quase nada do aprendizado que permaneceu nas festejadas tecnologias e inteligências não humanas.Infelizmente, o Dr. Migue e sua obsessão pela tecnologia esqueceram-se de que a educação é um empreendimento humano. Ela requer empatia, dedicação e cuidado. E, mais importante, exige um olhar crítico sobre como a tecnologia pode ser usada de forma responsável, em conjunto com outras abordagens, para promover o aprendizado genuíno. Mas quem sou eu para questionar o Dr. Migue? Afinal, ele “Sabe Tudo”. Ele tem inúmeros Pós-Doutorados e o que diz sempre se torno inquestionável.