O maior evento noticioso desta quarta-feira (01/02) será, sem dúvida, a disputa para a presidência da Câmara e do Senado. A votação que acontece hoje nas duas casas legislativas movimentou a opinião pública desde o começo do ano. A polêmica girou quase sempre em torno da definição quanto à eleição das duas presidências representarem o reforço à democracia ou a confirmação de uma política de conchavos, se reeleitas as mesmas lideranças.
Pesou muito na expressiva possibilidade de votos de Pacheco e Lira a atuação deles em defesa do estado democrático de direito quando do episódio de vandalismo em Brasília, em 08 de janeiro. Uma liderança diferente poderá surpreender se a nova composição do Congresso expressar o apoio nas urnas que a extrema direita conquistou no pleito do ano passado. Afinal, apenas cinco dos atuais senadores foram reeleitos, o que revela o desejo popular também de uma renovação no Congresso Nacional.
Só que as chances disso ocorrer, segundo analistas políticos, comentadores e jornalistas que vivem a cobertura diária da política em Brasília, é mesmo, praticamente zero. A quase totalidade aposta numa eleição certa dos mesmos nomes à frente das duas casas parlamentares. Para o governo eleito na Presidência da República, isto seria de fato o mais positivo, no atual contexto. Seria preocupante se os dois cargos de maior disputa no Legislativo ficassem nas mãos de outros nomes que não os que garantiram, afinal, a democracia das eleições e o ordenamento das instituições de Estado, juntamente com o Poder Judiciário.
Nem tudo que acontece em Brasília é culpa do Judiciário. Também há uma parcela de responsabilidade do Legislativo, ao se deixar, em certa medida, subjugado por outro poder da República. É nessa visão que apostam os que ainda esperam uma virada no resultado estimado nas projeções para a votação de hoje. Conforme o contexto, alternância nem sempre parece ser a expressão real de democracia.