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sexta-feira, março 29, 2024

Casa dos Costa Beber em Bozano vira museu

Tarcisio Costa Beber (falecido em janeiro deste ano), Hugo Lino (falecido em agosto de 2010, Tulio (97 anos) e Igino (87 anos), filhos de Andrea Avelino e Thereza Stella Costa Beber, imigrantes italianos e Ana Maria Costa Beber foram os idealizadores do Museu Avelino e Thereza Stella Costa Beber, localizado em Santa Lúcia, interior de Bozano. O objetivo é manter via a memória das duas famílias, que vieram da Itália e se estabeleceram naquela região, moldando o local, que com o passar dos anos recebeu o nome de Rincão Costa Beber. Atualmente são cinco casas naquela localidade, uma delas, o Museu.

Thereza, aos 21 anos, sua irmã Libera e o irmão Guilherme deixaram seu país de origem e imigraram para o Brasil, deixando em casa o pai Giacommo (enterrava os mortos da I Guerra Mundial), o irmão Angelo morreu em batalha e a irmã Virgília foi presa pelos alemães. No período Pós-Guerra, Vigília e Giacommo imigram para o Brasil e são acolhidos pela família. A família paterna de Tarcisio imigrou para o Brasil no ano de 1884 e se estabelecem na Quarta Região de Colonização Italiana do Rio Grande do Sul, em Val Veronês.

Thereza casa-se com Avelino no ano de 1918. No ano de 1916, os irmãos de Avelino, Serafin e Justino, juntamente com as esposas, Lucia Basso e Libera Stella migram para as terras de Santa Lúcia, interior do município de Ijuí. Na década seguinte, em 1926, Avelino e Thereza, juntamente com os filhos Júlia, Lino, Virgílio e Túlio chegam às novas terras, atualmente, nominado de Rincão dos Costa Beber e iniciam uma nova vida.

Na chegada às novas terras, uma das primeiras estratégias foi a derrubada de mata, tanto para local de moradia como para plantio (policultura e agricultura rudimentar). A construção da primeira casa onde atualmente é o Museu Avelino e Thereza Stella Costa Beber se deu função do descobrimento de uma vertente de água e a existência de um terreno plano. As árvores foram derrubadas, a madeira tornou-se tábuas, paredes, janelas e telhado. Ali, a família de Avelino e Thereza cresceu – Julia, Lino, Virgílio e Túlio ganharam novos irmãos, Gema Augusta, Hugo Lino, Lina Clara, Igino e Tarcisio, o protagonista desta história. Nascido em 13 de abril de 1937, em casa, com parteira.

O MUSEU

A homenagem ao casal Avelino e Thereza, foi uma ideia de Tarcísio, o caçula, “Meu pai era um homem criativo, visionário e inventor, idealizou a criação do Museu. Em 2016 ele me convenceu e, juntamente com os tios e primos fomos criando um espaço de memória que representa a história que eles desejavam contar sobre a família. Iniciamos pela limpeza, restauro da casa, identificação, catalogação dos objetos e documentário” disse a filha de Tarcisio, Ana Maria, que atualmente mora em Canela.

A família conseguiu tornar o sonho em realidade. “Quando abri o vestido da nonna, vimos que tinha um lenço que ela usava, no casaco do nono, um lenço também. Foi um momento de muito choro e alegria, cada nova peça encontrada era um laço de conexão de amor e afetividade”, lembra.

São aproximadamente 300 objetos compostos por 116 ferramentas em madeira e 100 ferramentas de ferro e as restantes com outros materiais, produzidos manualmente por Avelino usadas na produção doméstica e agrícola. Somam-se a estes, mobiliário em madeira, mais de 1.000 fotografias, 70 cartas, muitas escritas em italiano, escrituras de posse de terra, documentos pessoais, livros religiosos, quadros, terços, cadernos de aula, roupas (ternos, camisas, xeripa, casacos, vestidos, camisolas), roupas de cama, óculos, relógios, rádios, panelas, xícaras, pratos em alumínio (confeccionados por Avelino), talheres, conchas, máquina de fazer pão, manual e elétrica, fogão a lenha feito de barro, entre outros.

Todo o restauro da casa velha foi feito por Tarcísio. As madeiras que lá estão tem cerca de 100 anos. Para cada peça há um roteiro guiado, gravado em um pen drive, ou seja, quando a pessoa entra naquela peça, a história de tudo que está ali é descrita pelo próprio Tarcísio, em áudio. O discurso é uma versão legítima das falas dos protagonistas, mantendo uma versão fiel e autoral da memória de cada indivíduo sobre sua história de vida a partir da materialização museológica da “Casa Velha”.

Ana diz que a visitação total da casa pode chegar a duas horas. São diversas fotos que contam toda a evolução ao longo dos anos, como a evolução da agricultura. “Utilizamos placas explicativas, cada ferramenta tem um número e a descrição está em uma placa. Também há o roteiro autoguiado. Então, se a pessoa não sabe o que um material é, pois são muito antigos, irá conhecer através dos áudios e da descrição da foto”, conta Ana.

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